domingo, 1 de março de 2015

“Mas eu recuo. 
Porque sei que se me entrego hoje à noite, você me larga amanhã pela manhã. Porque você sempre me quer num quarto fechado, mas olha de um lado à outro quanto estamos juntos, Eu recuo porque você beija todo meu corpo quando estamos trancados no seu carro, mas não segura minha mão quando caminhamos na rua. Porque seu rosto é perfeito sob a luz desse abajur que você me deu de presente mas não contou aos seus amigos. Eu recuo porque entre uma gozada e outra você não diz que me ama, nem que precisa de mim, nem me chama de amor, apenas suspira um pouco e me pergunta se já me preparei para a próxima, e eu recuo porque sempre estou. Mas hoje não. Eu recuo porque meu coração palpita mais que sua mão na minha bunda. Eu recuo porque se eu me entrego hoje à noite, vou querer me entregar amanhã, e depois, e semana que vem, e nunca vai passar disso. Eu recuo porque o tio da padaria me conhece como aquela moça que dorme com o senhor e não como sua esposa, e eu recuo porque ele está certo. Eu recuo porque você não me leva nos jantares de família mas me chama para as baladas de sábado à noite. Eu recuo porque eu cansei de ser peito, coxa e bunda, quero ser aliança no dedo, mão na nuca e cafuné. Quero passar uma tarde contigo, cheirando seu cabelo e passando a mão na curva da sua cintura. Quero ficar nos seus  braços depois do sexo e você não vai precisar me pedir para ficar porque meu lugar será ali do seu lado… Para sempre. Mas você é livre, é solto e não se prende à ninguém, você é muito cabeça e nem um pouco coração, e é por isso que eu recuo.”


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