segunda-feira, 26 de dezembro de 2011


Lá vai você caminhando na direção oposta e dilacerando meu coração a cada passo que dá para longe de mim. Meu peito grita seu nome e pede que fiques, mas você continua sua caminhada para fora da minha sala, do meu prédio e da minha vida. Você não escuta os gritos do meu peito e não vê caminhar ao seu lado o pedaço da minha alma que me abandonou e decidiu lhe seguir, porque é cego e surdo. Você é surdo do amor que lhe declarei em silêncio todos os dias em que te vi - até mesmo naqueles em que não vi -, e cego por não conseguir ler o que meus olhos disseram-lhe desde a primeira vez. Nada faço para deter-lhe, além das súplicas feitas antes de ouvi-lo bater a porta e desaparecer. Corro para a janela e o encontro em frente ao prédio, parado, a costas voltadas para mim - sorri tristemente enquanto observava aquele que prometera nunca me deixar, de costas para mim minutos depois de dar-me adeus. Pedi em silêncio que o pequeno momento de indecisão o traga de volta, mas prossegue seu caminho, agora sem mim. Não ouso chamar teu nome como última tentativa de persuasão desesperada. Queria que ficasse, por mim, por você, por toda a história que escreveríamos em rascunhos coloridos e amassados. Eu nunca te exigi nada, não apenas porque nunca foste meu - agora vejo essa certeza dolorosa com clareza -, mas porque queria que fizesse por vontade própria. Queria que esperasse por mim como esperei por você. E mais uma vez não fizeste nada. Ainda olhando pela janela, imaginando-o seguir seu caminho árduo e solitário pelas ruas barulhentas da cidade, perguntei-me se o havia perdido, ou se você havia me perdido.

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