quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Saudade em mim tem um nome, um rosto, um cheiro que eu já não sinto mais. Nem quando você passa por mim sem perceber, e a brisa bate nos seus cabelos levando suas lembranças de mim. Nada fica, nenhum cheiro, nenhuma música, lugar nenhum. Só a saudade permanece.
Saudade em mim tem um lugar, e também é feita de momentos. Tem nome de cidade, e cheiro de mar. E a vontade de ter ficado para sempre antes de ser tarde demais. Minha saudade é feita da música que eu não ouço mais, porque meu coração é feito de papel e corre o risco de não suportar. É feita das fotografias na gaveta, da carta escrita a mão. Da espera.
Minha saudade é marcada por dias, horas arrastadas, e sorrisos. Como aquele último que você me lançou num adeus cheio de promessas que nunca se cumpriram. Eu sinto falta das promessas, das pessoas, das histórias. De admirar o pôr-do-sol da janela com medo de descer e molhar os pés no mar gelado. Sinto falta de caminhar com as mãos entrelaçadas, e coração aliviado sem ter com que se preocupar. Minha saudade sente a falta que você já não sente mais.
Falta do cheiro de chuva, do chá da tarde, da sua voz rouca no meu ouvido. Do beijo roubado, das horas contadas, de você me arrancando sorrisos. De caminhar por ruas desertas sem se sentir em perigo. Caminhar, caminhar e caminhar sem sentir-me mergulhar no vazio. Saudade é a presença da ausência. Saudade é não ter mais notícias.
É como visitar um lugar e nunca mais voltar para verificar se ele continua bonito. Se as ruas ainda são enfeitadas quando anoitece, se de manhã ainda faz frio, se caminhando pela orla você ainda encontra alguns gringos, se no jardim da casa da praia ainda nasce a mesma flor. É manter sempre aquela imagem bela idealizada na cabeça só por medo de voltar e perceber que o que foi um dia, hoje perdeu seu encanto e já não tem o mesmo sabor.
Eu sinto saudades daquelas sensações. Da ansiedade antes de uma longa viagem, da paz que a onda traz quando se respira o mar pela primeira vez, do frio na barriga antes do primeiro encontro. De sentir meu ar sendo interrompido por sua presença, da alegria por achar uma livraria no meio do nada. Sinto falta de me arriscar mais, e de sentir minhas vísceras queimar ao ouvir sobre você.
Sinto falta das suas mãos procurando pelas minhas por debaixo da mesa. Sinto falta de quem eu já fui, porque hoje só o que eu sei ser, é saudade.

http://horaincerta.wordpress.com

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